Filme tornou a mais aclamada produção nacional desde "Central do Brasil"
Foto: Divulgação
Lorena Dias
Do Portal CT
Para você cinéfilo de plantão que quer conferir filmes de arte lançados atualmente, não perca no Cine Cultura a estreia nesta quarta-feira, 19, na sessão das 21 horas do primeiro longa metragem de ficção de Julia Murat ,“Histórias que só existem quando lembradas”. A obra é considerada o filme brasileiro com maior número de premiações internacionais nos últimos 10 anos com 28 prêmios no currículo.
Já na sessão das 19 horas, continua em cartaz o documentário "Paralelo 10", que aborda a questão indígena vivenciada na região amazônica.
“Histórias que só existem quando lembradas” é um filme independente brasileiro que vem chamando a atenção no exterior. Com passagem por mais de 40 festivais, como Veneza e Toronto, e 28 prêmios no currículo, o longa se tornou a mais aclamada produção nacional desde "Central do Brasil".
Em cartaz atualmente em países diversos como Holanda, Polônia, França e Estados Unidos, o longa-metragem estreou no Brasil neste final de semana em circuito acanhado, com cópias em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Apesar desta repercussão, em entrevista ao
Portal IG a diretora exclama que não está tendo a mesma receptividade no seu país quanto teve no exterior, e se diz muito frustrada.
“Sabia desde o início que isso ia acontecer, o processo do filme foi esse. Consegui dinheiro lá fora e não no Brasil. Fui recusada pelo Festival de Brasília e entrei em Veneza. Era muito claro que eu teria muito mais repercussão e força lá fora, por mais contraditório que isso possa parecer, do que aqui. O Brasil hoje está voltado para cinema comercial. Há muito dinheiro, só que quase todo é colocado nas mãos de pouquíssimas produtoras que fazem filmes comerciais. A distribuição é quase igual. Esse é panorama que se tem hoje, está muito difícil fazer um filme que fuja disso", afirma.
Confira o longa metragem de ficção que apresenta a rotina de Madalena que como todos os dias faz pão para o armazém do Antônio. Como todos os dias ela atravessa o trilho, onde o trem já não passa há anos, limpa o portão do cemitério trancado, ouve o sermão do padre, e almoça junto com os outros velhos habitantes da cidade. Vivendo da memória do marido morto, Madalena é acordada por Rita, uma jovem fotógrafa que chega na cidade fantasma de Jotuomba, onde o tempo parece ter parado.
Segundo o crítico Thiago Brito durante a construção do roteiro a fotografia serve a uma dupla função:
"Se de um lado pretende "expressar" aquilo de mais evidente na pequena comunidade (sua característica fantasma, a tendência a um desaparecimento dos habitantes, a permanência de suas ruínas - em suma, de seu passado silencioso e profundamente instigante), ela também servirá como modo de contato, de diálogo, de relação", explica.
Para ler na íntegra a crítica sobre o filme, no
Portal Cinética clique aqui. O texto faz uma análise das nuances trazidas na obra, segundo Thiago Brito, o filme trata duas coisas são importantes: de um lado, o desejo de reclusão; do outro, a necessidade (e não a vontade) de encontrar seu lugar no mundo; de, enfim, pertencer.
O Cine Cultura funciona de quarta a domingo e está localizado no Espaço Cultural José Gomes Sobrinho e o valor da entrada é de R$ 4,00. Mais informações no telefone 2111-2405.
Coisa de família
Julia Murat, 33 anos e gravida de oito meses, é carioca e estreou na área cinematográfica em 1979, quando ainda adolescente foi figurante no filme Doces poderes, de sua mãe Lúcia Murat. Depois, fez estágio de assistente de direção de Ruy Guerra em Estorvo e, desde então, não deixou maiso mundo do cinema, realizando seus próprios curta-metragens e trabalhando como assistente de direção, edição e câmera.
Segundo o portal Filmeb, Julia é Bacharel em Desenho Industrial na UFRJ (2003), também graduou-se no curso de formação de roteirista da Escola de Cinema Darcy Ribeiro (2004). Em 2006, foi selecionada para o curso de desenvolvimento de projeto cinematográfico da Fundação Carolina e Casa América, em Madri, com o roteiro do seu longa Histórias que só existem quando lembradas (2011), selecionado para o Festival de Veneza de 2011. Além de dirigir, também produz, monta e escreve roteiros de curtas, médias e longas-metragens.
Prêmios
Menção no Cine en Construcción em Toulouse
Prêmio Cine Cinema no Cine en Construcción em Toulouse
Menção especial no Festival de San Sebastian
Prêmio da igreja da Islândia no Festival de Reykjavík IFF
Melhor filme no Festival de Abu Dhabi
Melhor atriz no Festival de Abu Dhabi
Prêmio FIPRESCI no festival de Ljubljana, Eslovênia
Prêmio de público no festival de Warsaw, Polônia
Prêmio de público no Festival de Santa Maria da feira
Melhor filme do júri cineclubista Festival de Santa Maria da feira
Melhor atriz no Festival de Santa Maria da feira
Prêmio Nueva Vision de filmes latinos no festival Santa Bárbara IFF
Prêmio de público no IFFR Groningen
Prêmio ecumênico no Festival de Cartagena
Melhor filme Festival de Sofia
Talent Tape Award Friburg
Prêmio Ecumênico Friburg
Melhor filme júri cineclubista Friburg
Melhor filme Júri Jovem Friburg
Prêmio da associação CCAS, Festival de Toulouse
Prêmio Ceux du Rail d’Oc, Festival de Toulouse
Melhor Filme festival de RiverRun
Peter Brunette Award para melhor diretor, Festival de RiverRun
Melhor Fotografia, Festival de RiverRun
Menção especial para Sônia Guedes, Festival de RiverRun
Menção Especial no Festival Latino LAFF, Holanda
Melhor filme, prêmio de público, Festival de cinema brasileiro em Paris
Para confirir o trailer do primeiro longa metragem de ficção de Julia Murat “Histórias que só existem quando lembradas” em cartaz no Cine Cultura
clique aqui.