Semana do Meio Ambiente

O Cine Sem Tela foi convidado para participar da 8° Semana do Meio Ambiente de Palmas e 19° Semana do Meio Ambiente do Tocantins neste mês de junho. Confira exibição de "Lixo Extraordinário" nesta quarta-feira,5.

Porrada!




Gente, domingo chegando e, depois de muito pensar e votar, chegamos ao escolhido para próxima sessão do nosso Sem Tela. A ideia foi continuar com o tema Oscar e pra isso voltamos a cerimônia de 2009 e resgatamos o filme O Lutador, que não sei ao certo se passou no doce e extinto Cine Blue.

Eu ainda não vi o filme (e confesso que não me interesso por filmes de luta, e cada vez menos por Darren Aronofsky) mas achei uma sinopse interessante no Omelete com uma opinião positiva, escrita por Érico Borgo, transcrita aqui na íntegra:

A emocionante redenção de Mickey "The Ram" Rourke

São raras as vezes em um filme me conquista o suficiente para receber nota máxima. Em cada quinze lançamentos, talvez um consiga - apesar de um ou outro defeito menor - obter uma classificação acima de todas as outras. Para O Lutador (The Wrestler, 2008) eu gostaria de poder ir além da nota máxima. O novo filme de Darren Aronofsky é uma das seletas obras que levarei comigo a vida toda.

Aronofsky, aliás, não é estranho a essa minha lista pessoal de paixões cinematográficas avassaladoras. Requiem Para Um Sonho e Pi também a integram. Mas se esses me assombram cada vez que os assisto, O Lutador me emociona e me faz ter vontade de aplaudir de pé. Um sujeito atrás de mim no cinema, menos preocupado em passar vergonha, o fez. O invejei. As palmas ficaram presas - mas as disparo aqui.

O filme adapta o livro que Robert Siegel escreveu sobre Randy "The Ram" Robinson, um astro ficcional da luta-livre dos anos 1980.

Vinte anos depois de seu auge, The Ram (Mickey Rourke) segue fazendo a única coisa que sabe: lutar. Mas os tempos são outros, ele envelheceu, os fãs são poucos e o dinheiro é escasso. Mesmo assim essa espécie de tio-avô bombado dos lutadores mais jovens segue se apresentando. Até o enfarto, depois de uma luta...

Forçado pelos médicos a interromper sua longeva carreira, ele começa a trabalhar no balcão de frios de um supermercado. Enquanto isso, tenta fazer as pazes com sua filha (Evan Rachel Wood) e procura algum alento romântico com uma stripper (Marisa Tomei, ousada e excelente). Mas surge, então, a proposta para uma luta com o seu maior rival, o Aiatolá (Ernest Miller), e fica difícil para The Ram resistir...

Não se trata, como a premissa pode dar a entender, de um típico filme de superação. The Ram não tem qualquer interesse em superar-se. Quer apenas continuar fazendo o que faz melhor... golpear pessoas e ser golpeado enquanto veste colante. É curioso notar como essa motivação não é muito diferente das experiências pessoais de Mickey Rourke. Também um astro oitentista, Rourke desapareceu durante anos, relegado a pontas ou projetos medíocres. Uma oportunidade de retorno surgiu em Sin City, mas não decolou. A redenção chega agora com, em que personagem, que se autointitula "um velho pedaço moído de carne", e ator se confundem em sua mútua redenção.

Rourke está maravilhoso como The Ram e o roteiro tem construção de personagem irretocável, visual e psicológica. O lutador/ator encanta em sua entrega ao filme tanto nos ringues quanto fora deles. As cenas de lutas são profissionais e de um realismo fora do comum (Rourke chegou a cortar-se de verdade nas cenas, de propósito), algo que pode até chocar os mais sensíveis, especialmente a cena da luta contra o Necrobutcher. Para mim, o choque veio mesmo é nas cenas mais cotidianas, como no primeiro e metafórico dia de Ram no balcão de frios, seu bem-humorado contato com a clientela. Chorar durante uma cena cômica - e não me refiro a chorar de rir - foi algo inédito para mim.

Com uma interpretação tão poderosa, Aronofsky só poderia mesmo ter optado pela câmera na mão, naturalista. Ele, literalmente, precisa sair da frente de Rourke em determinadas cenas. A direção voyeuristica, porém, torna-se explosiva durante as lutas, apoiada pela excelente trilha sonora, que mistura clássicos do heavy rock com as músicas incidentais tocadas por Slash e compostas por Clint Mansell.

Por baixo das calças de lycra, dos cabelos compridos e do sangue dos ferimentos, O Lutador esconde uma tragicômica discussão: você é definido pelo que você faz? The Ram não tem a resposta a essa pergunta - mas limita-se a oferecer sua contundente opinião, uma tão fulminante quanto seu golpe voador com cotovelada. Doa a quem doer.


Bom, é isso. Nos vemos no domingo pra ver e discutir.

Voe com a comunicação alternativa!

O cine Semtela convida você que já participou do cineclube, você que gosta da arte, você cinéfilo que adoraria conversar um pouco sobre cinema a se juntar a nós na sessão deste domingo dia 22 de maio. A animação Toy Story 3 estará em cartaz e contaremos com a presença do ilustre Thiago Ramos!

É aquele famoso Thiago Ramos?!
Sim, a lenda da Unitins – UFT. O artista que produz Fanzines, ilustrações e é vocalista da banda Aspirais! Uma pessoa muito querida que irá coloborar no nosso debate a nossa roda de bate papo!

O objetivo do Cineclube Semtela é promover o diálogo entre as experiências estéticas dos espectadores. Um bom filme ou um bom espetáculo sucinta diálogo. É como se fossemos envolvidos por uma névoa e os nossos sentimentos de entrelaçam , sentimos um vácuo na nossa existência. Surge naturalmente a vontade de se expressar, de escrever, de conversar ou debater!
Erra aquele que subestima o público e a sua experiência estética e não propõe o diálogo!

O cineclube apoia atitudes criativas que tenham por objetivo promover uma reflexão a cerca do mundo e da vida! O Fanzine como um veículo alternativo possibilita a total liberdade à aquele que a produz e aquele que lê! O cineclube se propõe como um veículo alternativo, assim como o Fanzine.

Não ter compromissos econômicos nos permite alçar voos leves e longínquos!
Viva o Fanzine!
Viva a comunicação alternativa!
Viva o movimento Cinesemtela!


Equipe Cineclube Semtela!

Programação


Neste domingo o Cineclube Sem Tela apresenta, no mês do Oscar 2011, Toy Story 3. É hora de voltar à infância (ou ao final dela) com o último e obscuro filme sobre a história dos brinquedos animados da Pixar. Chega-se ao fim de uma trilogia marcante pelo ponto de vista inédito sobre a infância. Mas, para além dessas qualidades, um filme bonito e cheio de melancolia que, por mais clichê que a expressão seja, faz rir e chorar (talvez mais chorar). Quem já assistiu, aproveite para rever essa obra prima e discutir a infância ao final da sessão no nosso tradicional debate. Domingo, 22 de maio, as 19h30. Não perca.

Uma história de nostalgia das salas de cinema de Palmas

Assim que me mudei pra Palmas, há pouco mais de dez anos, tive uma preocupação especial: o cinema, em vários sentidos precário, que aqui tinha. “Ter” no passado do verbo porque, quem diria, ao longo de dez anos a situação piorou ao invés do contrário. Mesmo diante do cenário atual, os desafios das salas de cinema na cidade deverão continuar por ainda mais algum tempo.

Talvez hoje seja inimaginável para muitos palmenses limitados ao plano diretor que, lá por meados dos anos 90 até mais ou menos 2002, o extinto Cine Blue mantinha duas salas de exibição no bairro Aureny IV. Uma tia disse na época em que me mudei que a sala existia há algum tempo e que ela tinha visto nela Titanic, em 1997. Minha experiência nessa sala foi em 2001, num passeio de escola. Fui com expectativa porque aguardava muito por uma ida ao cinema pois, desde que tinha me mudado pra Palmas, meus pais perderam o hábito de me levar ao cinema. Apesar de não me lembrar do filme recordo perfeitamente da impressão sobre a sala, claro, abaixo das expectativas: acento de couro cheirando a barata e uma tela pequena como a sala me causaram espanto pois estava acostumado às super salas da rede Cinemark.

Pouco depois passei a frequentar sozinho o também extinto Cine Blue do Palmas Shopping. Me deparo com outro problema característico do cinema em Palmas: o atraso dos lançamentos. Eu, que na época era muito menos exigente com filmes, fazia coro com tantas pessoas que reclamavam que um filme era lançado no Cine Blue ao mesmo tempo em que o DVD era lançado nas locadoras. Uma quase verdade.

Acredito que essas coisas aconteciam e ainda acontecem porque o público palmense é ainda pequeno ou pelo menos não o suficiente para fazer lucrar uma grande rede de cinemas. O Cine Blue, com a falência do Centro de Diversão e Lazer Karavella, saiu definitivamente da cidade. A sala Cinhozinho do Espaço Cultural está fadada, desde seu início, a suprir essa falta de uma sala de exibição comercial na cidade, o que vai contra a proposta de sala de cultura como realmente deveria ser. Exibe filmes comerciais, adivinha, com o velho atraso nos lançamentos.

Está no ar uma promessa do Capim Dourado Shopping de abrir uma filial do Cinemark. Isso que dizer que uma nova fase das salas de cinema em Palmas vai começar. Mesmo assim me sinto também um pioneiro em relação ao cinema já que dificilmente esquecerei, como muitos outros, das velhas salas do Cine Blue onde tive a oportunidade de ver muitos filmes até me acostumar com os problemas de atrasos de lançamentos ou mesmo filmes prometidos mas nunca lançados (Blueberry Nights foi o que mais marcou nesse sentido). Foi tão válido porque de certa forma me obrigou a sentir com mais intensidade o puro prazer de ir ao cinema: algo de mágico para muito além do filme.