Do Cine SemTela
Lorena Dias e Rose Dayanne
A melhor cena da sessão deste domingo, 21, do Cine Sem Tela, foi a alegria das 23 crianças da Casa de Abrigo Raio de Sol. Elas assistiram atentas à animação francesa "Kiriku e a Feiticeira", de Michel Ocelot, no Quiosque do Gaúcho, e se emocionaram em cada desafio do pequenino herói.
Após a exibição, as crianças conversaram sobre suas impressões do filme, falaram quais foram suas cenas favoritas e o que acharam da animação, um desenho animado moderno que fala a língua das crianças sem subestimar a inteligência dos adultos.
Depois que as crianças foram para a casa, os demais participantes fizeram um debate sobre a temática do filme. Kiriku e a Feiticeira é uma animação francesa que retrata a história de coragem, a curiosidade e a astúcia de Kiriku, um herói pequeno e inusitado, que consegue libertar seu povo oprimido das maldades da feiticeira Karabá.
E mais que isso a animação com seu exímio roteiro, consegue transportar a cultura africana, o anseio de liberdade, de autoafirmação e construção de identidade, que é inerente ao ser humano.
O debate contou com a presença do professor angolano da Universidade Federal do Tocantins, Francisco Patrício Esteves, da dirigente do Movimento de Atingidos por Barragens – MAB, Judite Rocha, do professor e integrante do grupo de Capoeira Terreiro, Raphael Cego, Erick Henrique, Rosalvo HenriqueMexwendell Moraes do grupo de criadores de animação 3D - GEDJA. participantes da Casa 8 de Março, Cleide Diamantino e Flávia Quirino, além dos integrantes do Cine Sem Tela e cinéfilos em geral.
O professor Francisco trouxe ao debate sua vivência nata na cultura africana e destacou o fato de que os heróis das lendas africanas são apresentados sempre como seres diminutos e desprezíveis, os quais surpreendem a todos quando se mostram como heróis de fato, como é o caso de Kiriku, um recém nascido, muito pequeno para ser um guerreiro, mas que mesmo assim consegue vencer.
Francisco falou ainda sobre o contexto metafórico do filme, que traz vários símbolos da cultura africana, como a dança, a contação de histórias e a sabedoria dos mais velhos.
Explicou que o longa-metragem foi elaborado com muito cuidado para representar a cultura africana, sendo assim muito rico simbolicamente. Exemplificando, Esteves afirmou que o herói pequenino repassa uma importante mensagem para a comunidade.
" Kiriku, em sua forma pequena, na cultura africana, demonstra como devemos sempre respeitar e amar o próximo, afinal o mundo dá voltas, e aquele considerado depressível, poderá salvar o povo", diz.
A professora Cleide Diamantino ressaltou a experiência em sala de aula, onde está trabalhando atualmente o filme "Kiriku e a Feiticeira" com seus alunos, com o intuito de transmitir os valores reais da cultura africana.
De acordo com o professor Raphael Cego, tanto a animação como a Capoeira ajudam na construção da identidade, da autoafirmação a partir da valorização da cultura afrodescendente e da ancestralidade. “Na capoeira a partir do aprendizado e do apelido, a pessoa aprende a se amar e se valorizar do jeito que é", diz.
Próximo Domingo
No dia 28, Dia Internacional da Animação, vamos encerrar a programação do mês com "Persépolis", de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi, que narra a vida de uma mulher iraniana. A diversidade religiosa e cultural e o papel da mulher na sociedade contemporânea serão o tema do debate histórico, que contará com professores de história e grupos feministas da região.
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